quinta-feira, 20 de junho de 2013

Um Cronista Suburbano

http://umcronistasuburbano.com.br/



          O site visa a oferecer aos leitores os livros de crônicas suburbanas escritas pelo autor Vieira Botelho, todas construídas de modo a privilegiar a criatividade, a facilidade, o ritmo e a velocidade de leitura, na intenção de conceber novas formas de expor o discurso literário.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

COM MUITO RESPEITO!

Não sou de elogiar. Jornalista não tem tal função. Deve apenas constatar situações e criticá-las no que produzam de danos à sociedade, principalmente quando a responsabilidade pela ação cabe ao poder público. No entanto, apesar da falta de escrúpulos corrente e da omissão do governo em fiscalizar obrigações delegadas em relação à TV aberta, às vezes damos de cara com situações de respeito ao telespectador.
A TV Bandeirantes havia anunciado que iria passar o jogo Cruzeiro x Fluminense. Se o fizesse, deixaria frustrado um enorme público que acompanhava o Mundial de Vôlei que se realizava na itália, onde a Seleção Brasileira enfrentaria na final a temível Seleção Cubana, que a havia derrotado por 3 x 2 na fase anterior.
A atitude da TV Bandeirantes em mostrar a decisão do Mundial de Vôlei Masculino veio ao encontro de uma necessidade maior, de um público superior em número de torcedores. Qual brasileiro ou brasileira que não quer torcer por sua Seleção numa final? O episódio mostrou o cumprimento de uma obrigação maior, numa situação de fato e de direito: a TV aberta, uma concessão delegada pelo Estado, tem as suas premissas de deveres a cumprir. Creio que o retorno financeiro nem sempre deve se sobrepor ao que manda a cartilha da cidadania e suas obrigações para com a pátria.
Vi o jogo contra Cuba. Muitíssimos e muitíssimas viram. Gosto mais de futebol, mas como faltaria com meu ardor de torcedor numa decisão em que meu país brigava pelo título de tricampeão mundial? Inconcebível.
Meus aplausos ao jogadores e comissão técnica. Bateram Cuba por arrasadores 3 x 0. Fiquei muito feliz com as decisões: a da Seleção, ao ganhar o jogo; a da TV Bandeirantes em exibir a final do Mundial; e por todos os telespectadores que prestigiaram a nossa Seleção de Võlei, agora tricampeã. Um feito e tanto!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Um grande Momento Olímpico (continuação).

Correção: Onde se lê enxentes, leia-se enchentes. Cruz-credo.

Um Grande Momento Olímpico (continuação)

Interrompido por uma queda de luz pré-olímpica, voltamos ao nosso Grande Momento Olímpico. Como dizíamos, precisamos utilizar nosso talento natural ante situações urbanamente inusitadas para buscar melhor posição no quadro de medalhas. Temos condiçoes. Podemos aproveitar as Olímpidas de Londres, em 2012, para pôr em prática nosso ideário. Pretendemos pular de décimo quinto para oitavo.
Vamos aproveitar os ratos de praia. Pô-los pra correr e saltar obstáculos olimpicamente em nosso favor. A turma do esgoto a céu aberto pode ser chamada pela grande experiência em lançamentos. Ora, amigos, com as enxentes em nosso favor, ninguém vai ganhar das nossas turmas do remo e canoagem. Em matéria de água, somos imbatíveis. Ela jorra nas ruas e falta nas casas. As reclamações batem recordes.
A turma do basquete de bolso que o pratica diariamente nos bares da cidade e a turma da pancadaria em dias de jogos no Maracanão, juntas, porão todos os adversários na lona, literalmente. O pessoal da seleção dos presídios poderia nos representar. Está sempre bem vigiado e muito concentrado e sempre ganhando o jogo. (Aguarde. No próximo blog vamos dar sequência a este texto.)

terça-feira, 7 de abril de 2009

Lista das Reivindicações de Melhorias para a Região da Leopoldina


1. Transformação da Rua Alfredo Barcelos, no trecho entre a Rua Uranos e a Estação de Olaria (oficialmente Pedro Ernesto), em rua para pedestres, com praça de lazer, banca de jornal e outros quiosques de prestação de serviços da prefeitura, do estado e do governo federal, todos sem presença no bairro. A coleta de lixo e os veículos de atendimento comercial e outros serviços públicos trafegariam por uma ruela adjacente ao lado esquerdo da futura praça do local;
2. O trânsito em demanda à Penha seria realizado pela avenida a ser finalmente aberta, uma vez que falta um pequenino trecho para que isso ocorra. A principal vantagem: seria retirado o tráfego de veículos da Rua Antônio Rego (lado da Rua Uranos), onde há a escola de ensino fundamental Clóvis Beviláqua, favorecendo de maneira bem simples e segura o vaivém da criançada;
3. Aprofundamento e alargamento do leito do Rio Nunes, pois todas as vezes que chove o bairro vira uma lagoa de tanta água, criando-se uma situação de caos que propicia tudo que é de ruim, sem falar nos prejuízos do comércio, do trânsito, do lameiro, da sujeirada pós-chuva e da inacessibilidade à estação de trem, além de afetar a passagem para o outro lado do bairro, o da Rua Leopoldina Rego, única em que passam linhas de ônibus rumo a Niterói e a vários bairros da Zona Sul;
4. Olaria é o único bairro da Zona da Leopoldina que não dispõe de uma agência da Caixa Econômica Federal, nem do Banco do Brasil. As pessoas idosas que recebem suas aposentadorias ou pensões por estes bancos devem obrigatoriamente se dirigir a Ramos ou Penha. Outra situação incompreensível: quando o contribuinte, aposentado e ou pensionista, por suma necessidade, precisa ir a uma agência do INSS, tem que inacreditavelmente se deslocar até quase à Avenida Brasil, próximo ao Hospital Central de Bonsucesso. Em relação à Receita Federal é pior ainda. Mandam-no ao Méier. Antes era para a Ilha do Governador. Melhorou lhufas. Quanto à Light, os consumidores de Olaria, Ramos e Bonsucesso devem se dirigir ao Méier. A Penha, bem mais perto, agora possui agência só para ela e Brás de Pina. Inacreditável a falta de bom senso e justiça cidadã. Todos somos iguais perante a Constituição e devemos ser tratados respeitosa e condignamente pelas instituições federais, estaduais, municipais e também pelos concessionários de serviços públicos, e por entidades privadas;
5. O Detro, órgão estadual responsável pela fiscalização das linhas de ônibus, recentemente interditou a linha 340 (Vila Cosmos–Praça l5). Motivo: a linha, ao que parece, por várias vezes funcionava com um só ônibus. O que ia era o único da volta. Não tinha outro. Sem falar que a Ocidental só possui ônibus encarquilhados, maltratados, batendo biela, que só vivem enguiçando, produzindo ânsia e desespero nos seus passageiros. A 340 é a única linha, pelo lado da Rua Uranos, que faz percurso mais curto, portanto mais rápido, para o Centro da Cidade (via Avenida Brasil, Rodoviária, Cais do Porto, Praça Mauá e Rio Branco). Era a linha mais rentável do Rio de Janeiro (com a 230 e a C-10, nas décadas de 60 e 70) e, como as citadas, pertencia à Companhia de Transportes Coletivos (CTC), do então Estado da Guanabara. A Ocidental possui a linha 346, de mesmos destinos, mas via Higienópolis, Benfica, São Cristóvão e Centro. Para não perder a concessão, põe-na em funcionamento por um dia, uma vez ao ano;
6. A região leopoldinense, pródiga de cinemas dos anos 40 aos 70, hoje não possui um só deles. Quase todos viraram templo, alguns estão abandonados (Rosário e Santa Helena/Olaria). Parece que por aqui querem que você ou reze, sambe, beba ou peque. Teatros públicos nunca existiram. Não dá para se proporcionar lazer e educação ao povo sem se ter cinemas ou teatros. Escolas não bastam;
7. Fala-se em levar o metrô de Ipanema à Barra da Tijuca. Uma indecência. De toda a Zona Sul à Barra da Tijuca (Zona Oeste), e vice-versa, partem linhas mais do que suficientes. É só contá-las. E o povo da Zona da Leopoldina? Não merece ter uma linha de metrô? Por quê? A região vai continuar na sua marcha batida de futura Baixada Fluminense dos anos 50 (é apenas uma indignada constatação, pois a Baixada, injustamente, ainda sofre muito por ter pertencido ao antigo Estado do Rio de Janeiro, cuja capital era Niterói). Atualmente pode-se comparar a Leopoldina à Baixada anos 70, tal o descalabro. É verdade. Olhe e constate. Por isso, se não for feito nada, virará uma Baixadinha anos 50 do Município do Rio de Janeiro;
8. Dizem que o Estado pretende criar a linha Penha–Barra da Tijuca do metrô para atender o povo leopoldinense. Teríamos o VLT (veículo leve sobre trilhos), projeto da época do governo Marcelo Alencar. Foi desvirtuado? Diz-se, por aí, que “mais parece um bonde metido a besta”. Se for criada tal linha, mas de metrô mesmo, deve favorecer a todos os bairros: Brás de Pina, Vila da Penha, Penha Circular, Penha, Olaria, Ramos e Bonsucesso, servindo também a novos bairros como Nova Brasília, Baiana, Alemão, Grota, Vila Cruzeiro, uma necessária integração sociopolítica e geoeconômica dos cidadãos locais, excluídos das modernidades há décadas existentes no Rio. A Estação de Bonsucesso atenderia o Adeus. O que há, afinal? Será preconceito econômico? Não vamos participar dos benefícios da Copa do Mundo? Cadê a justiça social? Será que a Fifa sabe disso. O metrô facilitaria o acesso do povo ao Maracanã, por exemplo;
9. E, ao falarmos em economia, lembramos que várias grandes empresas, como Cortume Carioca, Fábrica de Doces Ruth, Coca-Cola, Suvenil, Light, Poesi etc., abandonaram a região. Olaria, por exemplo, não tem um shopping center, mas, para o bairro, o mais importante é o fortalecimento de seu comércio por meio de ações de incentivos comerciais e fiscais pelos governos municipal, estadual e federal. Não basta reduzir o IPTU dos prédios comerciais. Tem-se que isentar de ICMS e IPI, por um período mínimo de dois anos, as empresas comerciais e industrias leopoldinenses, favorecendo com crédito, via Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES, as empresas que queiram vir se instalar na região. É preciso criar emprego para atender às grandes levas de jovens que estão sem oportunidade de trabalho. A geração de renda propicia crescimento, sustentação econômica, oportuniza novos negócios e concebe paz social. Todos querem trabalhar, gente! E aí? Mexam-se. A hora é agora.
10. Ramos e Olaria estão urgentemente precisando de uma ação massiva de desratização. A rataria está invadindo tudo, não respeita ninguém. As ratazanas enfrentam até os gatos, matando-lhes, inclusive, os filhotes. Uma situação que constatei há um ano. Incrível. Estudo os ratos desde menino. São biomarcadores de doenças epidêmicas, além de responsáveis por uma doença incurável, como a hantavirose, transmitida pelo rato silvestre, que, ao que parece, como o mosquito da dengue, também veio para as áreas urbanizadas, uma vez que as matas nativas, seu habitat natural, estão sendo dizimadas. Não há certeza, mas merece uma investigação do pessoal de endemias, para se verificar se está ocorrendo uma miscigenação das diversas espécies de ratos. O rato urbano está mudando para pior do que já é. Faz-se necessário um trabalho integrado dos órgãos envolvidos com questões de saneamento básico e problemas ambientais: Serla, Parques e Jardins, Comlurb, Emop, Feema e Ibama – órgãos pertencentes a três esferas do poder público. Há mais de cinco anos que não vejo um pardal sequer. Contudo, a quantidade de gaviões aumentou muito. Por quê? Ora por quê. Porque há uma surpreendente população de ratos. O caso do Aedes aegypti é ilustrativo do grande problema ambiental enfrentado pelas populações urbanas. Sem mata, veio para a cidade. E cadê as aves insetívoras (comedoras de insetos), como o pardal, a andorinha, a cambaxirra e o bem-te-vi. Os pardais, por exemplo, que fazem ninho em casas de forro de madeira (hoje raras), na sua fase de reprodução são grandes comedores de larvas de mosquitos. As andorinhas escassearam porque já quase não existem barrancos para construir os seus ninhos. A cambaxirra, alçada a ave de maus presságios pela crença popular, por causa disso leva muita teco de atiradeira. Sem falar que já não existem mais os lugares apropriados para seu aninhamento: os pequenos matos com seus moitões e entulhos naturais. Os bem-te-vis perderam as árvores. Há muito poucas. Por exemplo, a Rua Uranos, a principal via de cinco bairros (Manguinhos, Higienópolis, Bonsucesso, Ramos e Olaria), não tem nenhuma árvore em toda a sua extensão, dos dois lados da rua. É inacreditável. Sem falar que esta rua é a da 10ª Região Administrativa, que pelo menos deveria se indignar. O fumacê se mostrou uma medida perniciosa, pois atingia as aves em seus ovos, afetando a sua reprodução.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Bala perdida

No final dos anos 80, quando a expressão bala perdida apareceu na mídia, critiquei-a veementemente junto aos colegas jornalistas do Jornal do Brasil. Pouco depois, em O Dia, continuei com a crítíca. Por quê? Porque tal termo possibilita a que não acha empenho nas investigações policiais decorrentes, pois já se definiu que o crime foi por "bala perdida". Estas palavras, bala perdida, surgiram primeiramente nos telejornais e nos programas policiais do radiojornalismo carioca. Creio que foi a televisão quem primeiro as usou. A TV trabalho mais a imagem do que o conteúdo do assunto crime. Casos policiais sem imagens dos atos criminosos (ou dos que cometeram o crime) ou das vítimas, assim como dos policiais em ação, não geram ibope e, para crimes em que a TV não chegou à cena no momento em que ele ocorreu, o linguajar comum dos policiais criou tais termos: "bala perdida". Portanto, criadas pelos policiais nas entrevistas à mídia eletrônica, as palavras se incorporaram ao jarguão jornalístico, com grande prejuízo para a posterior apuração dos crimes, principalmente pela perícia criminal. A título de ilustração, vou dar um pequeno exemplo de como isso é danoso. Há uns oito anos, em Vila Isabel, uma criança de 6 anos foi morta no playground de seu condomínio enquanto brincava. O diagnóstico do crime: "bala perdida". Contudo, inconformado com isso, o pai da criança, um advogado, contratou os serviços de um perito-policial aposentado que começou a investigar. Para começar: derrubou a indicação de que a bala que matou a criança partira do Morro dos Macacos. Seria preciso que a bala desse suas curvas até chegar à pequena vítima. E olha que o morro estava distante, a uns 2km do local. A bala do crime partira de um revólver e fora disparada por um cidadão neurótico de guerra que morava em andar alto de um prédio próximo e que tinha o hábito de se exasperar com a algazarra das crianças. Não fosse o pai, o crime seria arquivado como de autoria desconhecida, por bala perdida. Esta expressão deveria de ser banida das reportagens policiais, pois para todo o crime há uma autoria. E os policiais sabem disto. Mas bala perdida acomoda para muita coisa, ou gente.